Presença feminina na construção civil cresce 120% em dez anos
A participação das mulheres na indústria da construção civil vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos. O setor predominantemente ocupado por homens vê agora a força feminina no canteiro de obras, na engenharia, na arquitetura, na administração das empresas, na segurança do trabalho, no comando de construtoras e na diretoria de entidades setoriais.
Dados do Painel da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) indicam um crescimento significativo nos postos de trabalho em todo o país. Em uma década, o Brasil registrou um aumento de 120% no número de mulheres trabalhando no setor.
De acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), dos pouco mais de 1 milhão de engenheiros registrados no país, cerca de 210 mil são mulheres. Em um único ano, o Confea contabilizou um aumento superior a 40% nos registros de mulheres formadas em engenharia. Nas faculdades de engenharia civil, elas já correspondem a mais de 30% das matrículas.
Em Santa Catarina, segundo levantamento do Observatório da FIESC com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de mulheres com vínculo empregatício na construção civil passou de 8,6 mil em 2018 para 10,3 mil em 2021. Em Joinville, mais de mil mulheres estão formalmente empregadas no setor. Entre elas, 30% têm nível superior completo e mais de 400, ensino médio completo.
A empresária Andira Deretti Lopes foi uma das primeiras engenheiras civis formadas em Joinville. Depois de fundar a própria construtora, está atualmente à frente do Conselho de Administração da empresa.
“A tecnologia e a melhoria nos processos contribuíram para que a mulher ocupasse seu lugar na construção civil. Nos últimos anos, tivemos avanços na conquista deste espaço e podemos nos orgulhar por este grande feito. As habilidades em gestão, o olhar crítico, minucioso e atento, o perfeccionismo e o comprometimento são características que nos favorecem”, avalia.
Nas áreas de gestão e planejamento, continua Andira, as mulheres não enfrentam muito preconceito, mas há avanços necessários na área operacional. “É no ambiente de obra que ainda precisamos de reconhecimento dos homens e, também, mais igualdade salarial. As tecnologias tornaram muitos processos construtivos mais leves e o detalhismo feminino colabora para a qualidade do trabalho.”
Mesmo diante dos desafios, Andira se orgulha de fazer parte da história da indústria da construção civil joinvilense e acredita que esse mercado, em plena expansão, terá sempre lugar para as mulheres.
O exemplo e o otimismo de uma das pioneiras deste setor em Joinville inspiraram novas gerações. A filha, Ana Rita Vieira, é atualmente a diretora responsável pelos novos projetos da construtora e membro da diretoria do SINDUSCON Joinville. Na atual gestão, Ana Rita ocupa a diretoria Administrativa e Financeira da entidade, que tem ainda a bacharel em Arquitetura e Urbanismo, Fernanda Baumer Wolf, na diretoria de Relações Trabalhistas e Sindicais
Representatividade
Outra mulher atuante no setor é Annelise Maes Cerutti. Há mais de dez anos no SINDUSCON Joinville, ela é a responsável pelas demandas administrativas e financeiras do sindicato. Economista formada pela Univille com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, Annelise se orgulha de ter construído a carreira na indústria da construção civil.
“Neste tempo dedicado ao SINDUSCON e à indústria da construção civil percebo nitidamente o aumento da presença feminina no setor, seja na diretoria do sindicato, nas reuniões de associados, no comando das empresas e nos canteiros de obra. Temos muitos exemplos inspiradores de engenheiras, coordenadoras, líderes, gestoras, eletricistas, pintoras, colocadoras de revestimento cerâmico, pedreiras e serventes”, diz.
Na avaliação de Annelise, a tecnologia como facilitadora das rotinas permitiu, por exemplo, que as mulheres ocupassem funções antes exclusivas dos homens. “O SINDUSCON Joinville tem investido em ações e projetos para mostrar que a construção civil é um setor de grande potencial e de muitas oportunidades para as mulheres.”
Programa Profissão Construir
Um exemplo é o programa Profissão Construir, que será lançado ainda neste ano. Entre os objetivos está a valorização dos profissionais do setor. “Vamos mostrar como a indústria da construção civil contribui para carreiras sólidas e rentáveis, inclusive para as mulheres. Queremos atrair talentos em todas as áreas e, certamente, a presença feminina terá destaque”, avisa Annelise.
Ainda que os desafios existam, a representante do SINDUSCON Joinville acredita que as mulheres têm encarado bem sua missão, vencendo jornadas duplas ou triplas. “É com essa força e determinação que elas vão reafirmar sua representatividade nesta indústria e, mais ainda, na construção de um mundo melhor’, finaliza Annelise.