Pesquisa revela que 84% das construtoras do país enfrentam desabastecimento de aço
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou um levantamento com construtoras de todo o país para verificar a real situação do problema da escassez de insumos. Entre as 206 empresas consultadas, 84% disseram que há desabastecimento de aço em suas regiões.
A CBIC também perguntou às empresas quais materiais estão com o prazo de entrega maior que o habitual. Para 82,9% delas, a resposta foi o aço. Questionadas sobre o prazo médio de entrega das usinas em suas regiões, 39,3% responderam “entre 30 e 60 dias” e 25,7% disseram “entre 60 e 90 dias”.
O presidente do SINDUSCON Joinville, Bruno Cauduro, vê com preocupação a falta de insumos em todo o país, com reflexos também na região, e a alta nos preços. “A situação traz impactos na produtividade, no custo dos imóveis e nos negócios. Com o mercado imobiliário aquecido, é fundamental que o abastecimento de insumos esteja normalizado, com preços estabilizados e cumprimento dos prazos de entrega”, comenta.
Ainda segundo Cauduro, a construção civil tem participação importante no PIB brasileiro e é um dos setores que mais gera emprego e renda. Em janeiro deste ano, manteve saldos positivos com novas vagas em Joinville, Santa Catarina e no Brasil. “Para que tenhamos um reequilíbrio entre a demanda e a oferta de matéria-prima, é necessário que o governo reduza os impostos sobre os insumos e incentive a importação”, avalia o presidente do SINDUSCON Joinville.
Na terça-feira (23), durante reunião no Ministério da Economia com representantes da cadeia produtiva do aço e entidades representativas dos principais compradores do país, a CBIC fez justamente esta proposta ao governo: redução do imposto sobre a importação do aço para tentar resolver o problema do desabastecimento.
“Precisamos de um choque de oferta para restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a demanda. Nossa proposta é a redução imediata do imposto de importação”, disse o presidente da entidade, José Carlos Martins. A CBIC apresentou ao secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, os resultados da pesquisa com empresários mostrando a percepção deles em relação ao desabastecimento.
Para Martins, enquanto a oferta e a demanda não forem normalizadas não será possível estabilizar preços. “Quando a construtora tenta comprar da siderúrgica e não consegue, vai na distribuidora e se depara com um valor muito alto”, disse. O desabastecimento e a insegurança com relação aos custos de vários materiais podem prejudicar a atividade da construção, que no início do ano projetava crescer 4% em 2021 e gerar 200 mil novas vagas de empregos.